A Confederação do Equador

A Confederação do Equador (1824)

Resumo histórico reescrito — Atualizado em

Logo após a Constituição de 1824 ser imposta por D. Pedro I, aumentou o descontentamento nas províncias do Nordeste. O autoritarismo do imperador, aliado à crise econômica e à concentração de poder no Rio de Janeiro, gerou revoltas em várias regiões — especialmente em Pernambuco.

Os jornais Sentinela da Liberdade, editado por Cipriano Barata, e o Typhis Pernambucano, de Frei Joaquim do Amor Divino Caneca (o Frei Caneca), criticavam duramente o imperador. Frei Caneca chamava o Poder Moderador de “a chave mestra da opressão da nação brasileira”.

As causas da revolta

No início da década de 1820, o Nordeste enfrentava uma forte crise econômica, provocada pela queda dos preços internacionais do açúcar, algodão e fumo — principais produtos de exportação da região. Somavam-se a isso os altos impostos cobrados pelo governo imperial e o aumento constante no preço dos alimentos e dos aluguéis, que castigava a população mais pobre.

Em meio a esse cenário, D. Pedro I demitiu o presidente da província de Pernambuco, agravando as tensões locais. Em resposta, os pernambucanos romperam com o Império e, em 2 de julho de 1824, proclamaram uma República, formando uma Junta Governativa. O movimento recebeu o nome de Confederação do Equador, em alusão à ideia de união entre as províncias do Norte e Nordeste em torno de ideais republicanos.

Ideais e contradições

A Confederação do Equador defendia a república federativa, a liberdade de imprensa e a autonomia provincial. Participaram dela representantes de diversos grupos sociais — proprietários rurais, comerciantes, artesãos, escravizados e homens livres pobres.

Alguns líderes, como Frei Caneca e Lázaro de Souza, chegaram a propor o fim da escravidão, mas a maioria dos dirigentes era escravista. Essa contradição enfraqueceu o movimento, pois os grandes proprietários rurais temiam que a rebelião se transformasse em uma revolução social semelhante à do Haiti.

A repressão imperial

Para sufocar a revolta, D. Pedro I recorreu a um empréstimo de um milhão de libras junto a banqueiros ingleses e organizou uma poderosa expedição militar. As forças imperiais foram comandadas por dois oficiais estrangeiros: o almirante britânico Thomas Cochrane, pelo mar, e o brigadeiro Francisco de Lima e Silva, por terra.

Apesar da escassez de armas e da falta de navios, os confederados resistiram por quase dois meses. Quando as tropas imperiais retomaram Recife, praticaram atos de extrema violência — saques, incêndios e execuções públicas. Entre os condenados à morte estavam Frei Caneca, que foi fuzilado, e outros líderes que lutaram pela autonomia do Nordeste.

A Confederação do Equador foi derrotada, mas deixou como legado a luta pela descentralização política e pela liberdade de expressão — valores que voltariam a ecoar nas revoltas do século XIX.


Fontes consultadas:

Exercícios

  1. Quais fatores econômicos e políticos provocaram a Confederação do Equador?
  2. Explique a crítica de Frei Caneca ao Poder Moderador.
  3. Por que o movimento perdeu o apoio de parte dos grandes proprietários rurais?
  4. Quem foram os principais líderes da Confederação e qual foi o destino deles?
  5. De que forma a Confederação do Equador antecipou debates políticos sobre autonomia e liberdade no Brasil?

Leitura recomendada

Para aprofundar o tema das revoltas regionais e do autoritarismo imperial, recomendo “História do Brasil — Boris Fausto” e o estudo de Lilia Schwarcz e Heloisa Starling.

Marcadores: confederação do equador, frei caneca, cipriano barata, d. pedro i, revoltas no império, história do brasil, pernambuco, século xix

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