A Constituição do Império (1824)

A Constituição do Império (1824)

Resumo histórico reescrito — Atualizado em

O fechamento da Assembleia Constituinte de 1823 causou grande indignação em várias províncias do Brasil. Mesmo diante da insatisfação popular, D. Pedro I manteve uma postura autoritária: nomeou um grupo de dez conselheiros de sua confiança — o chamado Conselho de Estado — e encarregou-os de redigir uma nova Constituição no prazo de apenas quarenta dias.

O resultado foi a Constituição de 1824, a primeira Constituição do Brasil, que não foi discutida ou votada pelo povo. Ela foi outorgada, isto é, imposta diretamente pelo imperador em 25 de março de 1824.

Características gerais

A Carta de 1824 estabeleceu o regime de monarquia hereditária constitucional e criou uma estrutura política dividida em quatro poderes: Executivo, Legislativo, Judiciário e o inovador Moderador — este último conferindo ao imperador autoridade sobre todos os outros.

Além disso, a Constituição manteve o catolicismo como religião oficial do Império, garantiu a propriedade privada e centralizou o poder político no Rio de Janeiro, limitando a autonomia das províncias.

Os quatro poderes do Império

Poder Executivo: exercido pelo imperador e seus ministros, responsável por administrar o país e executar as leis.

Poder Legislativo: dividido entre a Câmara dos Deputados (com mandatos de quatro anos) e o Senado (cujos membros eram vitalícios, escolhidos pelo imperador). Sua função era criar, revisar e aprovar as leis do Império.

Poder Judiciário: exercido pelos tribunais e juízes. O Supremo Tribunal de Justiça era a mais alta instância e seus magistrados eram nomeados diretamente por D. Pedro I.

Poder Moderador: exclusivo do imperador, era considerado a “chave de toda a organização política”. Dava ao monarca o direito de:

  • Nomear e demitir ministros de Estado;
  • Convocar, adiar e dissolver a Câmara dos Deputados;
  • Escolher os senadores e presidentes de província (atuais governadores);
  • Suspender magistrados e conceder perdão a réus condenados;
  • Ratificar ou vetar decisões do Legislativo.

O Poder Moderador colocava o imperador acima de qualquer instituição, permitindo-lhe intervir em todos os demais poderes. Na prática, a Constituição consolidava um regime centralizador e autoritário, ainda que sob o título de monarquia constitucional.


Fontes consultadas:

Exercícios

  1. Explique o que significa dizer que a Constituição de 1824 foi “outorgada”.
  2. Quais foram os quatro poderes criados pela Constituição e quais suas funções principais?
  3. De que forma o Poder Moderador fortalecia a figura do imperador?
  4. Por que a Constituição de 1824 é considerada autoritária, mesmo sendo chamada de monarquia constitucional?
  5. Compare a Constituição outorgada de 1824 com uma constituição promulgada. Qual é a principal diferença entre elas?

Leitura recomendada

Para entender como o Brasil conciliou monarquia e centralização de poder, recomendo “História do Brasil — Boris Fausto” e assistir ao vídeo “Constituições do Brasil” (TV Câmara).

Marcadores: constituição de 1824, d. pedro i, poder moderador, conselho de estado, monarquia hereditária, história do brasil, império do brasil

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