A Regência Una de Feijó

Com a morte de D. Pedro I, em 1834, o cenário político brasileiro mudou novamente. O grupo dos restauradores — que defendia o retorno do antigo imperador — se desfez. Parte de seus integrantes abandonou a política, enquanto outros migraram para as fileiras dos moderados, consolidando sua força no governo.

Foi nesse contexto que ocorreram as primeiras eleições diretas para o cargo de regente. O padre paulista Diogo Antônio Feijó saiu vitorioso por pequena margem, tornando-se o primeiro brasileiro a governar o Império por escolha do povo, ainda que de forma indireta.

O governo de Feijó (1835–1837)

Feijó defendia ideias consideradas ousadas para a época — entre elas, a possibilidade de casamento para os padres e o fortalecimento das liberdades civis. Isso gerou atritos com setores conservadores e com parte da Igreja, o que enfraqueceu seu apoio político.

Durante seu mandato, o regente teve de enfrentar as duas maiores revoltas do período regencial: a Cabanagem, no Norte, e a Guerra dos Farrapos, no Sul. Para combater as insurreições, ele precisava de recursos e da aprovação da Câmara dos Deputados — dominada pela oposição, que bloqueava seus projetos e reduzia seu poder.

Sem maioria no Parlamento e sem condições de manter a ordem nas províncias, Feijó renunciou em 1837, abrindo caminho para o retorno dos conservadores ao poder.

A Regência de Araújo Lima e o Regresso Conservador

Após a renúncia de Feijó, assumiu o comando do Império o político Pedro de Araújo Lima, que liderava o chamado Regresso — um movimento de caráter conservador, apoiado por fazendeiros do Vale do Paraíba e grandes comerciantes do Rio de Janeiro.

Os regressistas defendiam a centralização do poder e a preservação da ordem escravista, alegando que o país atravessava um período de “anarquia” por causa da autonomia provincial conquistada pelo Ato Adicional de 1834.

Em 1840, o governo de Araújo Lima aprovou a Lei Interpretativa do Ato Adicional, que reduzia os poderes das Assembleias Provinciais e devolvia maior autoridade ao governo central. Essa medida marcou o fim das reformas liberais e o fortalecimento do poder imperial.

Rebeliões e tensões sociais

O Período Regencial foi sacudido por uma série de revoltas populares e regionais, resultado direto do descontentamento com o autoritarismo do governo e com a desigualdade social.

Nas províncias, ricos e pobres, livres e escravizados, mestiços, indígenas e negros participaram de movimentos que buscavam autonomia, liberdade e melhores condições de vida. As elites regionais queriam mais poder político, enquanto as camadas populares lutavam por justiça social.

Entre as principais revoltas do período destacam-se:

  • Cabanagem (Grão-Pará, 1835–1840)
  • Guerra dos Farrapos (Rio Grande do Sul, 1835–1845)
  • Revolta dos Malês (Bahia, 1835)
  • Sabinada (Bahia, 1837–1838)
  • Balaiada (Maranhão, 1838–1841)

Esses movimentos evidenciam o quanto o Brasil regencial foi um laboratório político, onde se debatiam os rumos da monarquia e o futuro da sociedade brasileira.


Fontes consultadas:

Exercícios

  1. Quem foi Diogo Antônio Feijó e por que sua eleição foi histórica?
  2. Explique o que foi o movimento do Regresso e quais eram seus objetivos.
  3. O que a Lei Interpretativa do Ato Adicional determinava?
  4. Relacione as principais revoltas do período regencial e seus contextos regionais.
  5. Qual foi o impacto do governo de Araújo Lima na centralização do poder imperial?

Leitura recomendada

Para se aprofundar nas tensões políticas e sociais do período regencial, leia “História do Brasil — Boris Fausto” e o clássico “O Tempo das Regências” de Sérgio Buarque de Holanda.

Marcadores: regência una de feijó, araújo lima, lei interpretativa, regresso conservador, rebeliões regenciais, história do brasil, século xix

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