A vinda de D. João para o Brasil

A vinda de D. João para o Brasil (1808)

Resumo histórico reescrito — Atualizado em

Em 1808, o príncipe regente D. João, futuro D. João VI, decidiu transferir a Corte portuguesa para o Brasil. A medida foi uma resposta direta à invasão de Portugal pelas tropas de Napoleão Bonaparte, que impôs o Bloqueio Continental — um decreto que proibia os países europeus de negociar com a Inglaterra.

Protegida pela Marinha britânica, a comitiva partiu de Lisboa acompanhada por cerca de 15 mil pessoas, incluindo nobres, militares, funcionários e familiares. Após uma longa viagem, chegaram primeiro à Bahia e, logo depois, ao Rio de Janeiro, onde estabeleceram a nova sede do Império Português.

O deslocamento do poder imperial

A chegada da Corte transformou profundamente a vida colonial. Pela primeira vez, a colônia se tornou o centro administrativo do império. Esse processo, chamado pela historiadora Maria Odila Leite da Silva Dias de “interiorização da metrópole”, marcou a mudança definitiva do eixo político e econômico de Lisboa para o Rio de Janeiro.

Para fortalecer sua base de apoio, D. João estabeleceu alianças com a elite agrária do Centro-Sul, especialmente de São Paulo e Minas Gerais. Concedeu cargos públicos, títulos e privilégios comerciais, consolidando a lealdade local à Coroa portuguesa.

Abertura dos portos e transformações econômicas

Logo após desembarcar, D. João decretou a Abertura dos Portos às Nações Amigas (1808), encerrando o monopólio comercial de Portugal sobre o Brasil. A medida beneficiou diretamente a Inglaterra, que passou a vender produtos industrializados ao mercado brasileiro.

Em 1810, o Tratado de Comércio e Navegação consolidou essa relação, estabelecendo taxas alfandegárias vantajosas para os ingleses (15%), em comparação com os portugueses (16%) e outras nações (24%). Isso impediu o crescimento de indústrias locais e reforçou a dependência econômica do país.

Avanços urbanos e culturais

O governo joanino modernizou o Rio de Janeiro. Foram criadas instituições que ainda existem hoje: o Banco do Brasil, a Imprensa Régia (primeiro jornal impresso), o Jardim Botânico, a Biblioteca Nacional, o Museu Nacional e a Academia de Belas-Artes.

Em 1815, D. João elevou o Brasil a Reino Unido a Portugal e Algarves, consolidando o novo status político da colônia. No ano seguinte, após a morte de sua mãe, D. Maria I, tornou-se D. João VI. O período também foi marcado pela chegada da Missão Artística Francesa, com artistas como Debret e Taunay, que introduziram novos padrões estéticos e culturais.


Fontes consultadas:

Exercícios

  1. Explique o que foi o Bloqueio Continental e como ele influenciou a transferência da Corte portuguesa para o Brasil.
  2. Por que a Abertura dos Portos às Nações Amigas foi um marco na economia colonial?
  3. Como o Tratado de Comércio e Navegação de 1810 beneficiou a Inglaterra?
  4. Liste três instituições criadas durante o governo de D. João e sua importância histórica.
  5. O que representou a interiorização da metrópole para a história política do Brasil?

Leitura recomendada

Para compreender melhor o período joanino, recomendo “História do Brasil — Boris Fausto”, uma das obras mais respeitadas sobre o Brasil imperial.

Marcadores: d. joão vi, corte portuguesa no brasil, abertura dos portos, tratado de 1810, missão artística francesa, história do brasil, brasil colônia

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