Revolução Liberal do Porto (1820)
Resumo histórico reescrito — Atualizado em
No início da década de 1820, Portugal vivia uma grave crise política e econômica. Enquanto o rei D. João VI e sua Corte desfrutavam de privilégios no Rio de Janeiro, a população portuguesa enfrentava o desemprego, o declínio comercial e a ocupação de seu território por tropas britânicas desde as guerras napoleônicas.
Essa insatisfação culminou na Revolução Liberal do Porto, também conhecida como Vintismo, que começou em agosto de 1820. O movimento exigia o fim do absolutismo e a criação de uma Constituição que limitasse o poder do rei e garantisse direitos civis aos cidadãos portugueses.
As Cortes Constituintes
Os revolucionários convocaram eleições para formar as Cortes Constituintes. A maioria dos deputados exigiu o retorno de D. João VI a Portugal e a reorganização do império sob uma monarquia constitucional. Em outras palavras, o rei deveria continuar governando, mas com poderes restritos pela nova lei fundamental.
Esse novo arranjo político contrastava com o que se vivia no Brasil, onde a presença da Corte havia promovido crescimento urbano e abertura econômica. A distância entre os interesses portugueses e brasileiros começava a se tornar evidente.
Reações no Brasil
No Brasil, a elite política do Centro-Sul dividiu-se. Um grupo, formado por membros da aristocracia fluminense e mineira — como José da Silva Lisboa, o futuro Visconde de Cairu —, apoiava o retorno do rei a Lisboa e a ideia de um império independente governado por D. Pedro.
Outro grupo, liderado pelo comerciante Joaquim Gonçalves Ledo e pelo político português José Clemente Pereira, defendia a permanência do Brasil no império português, mas com autonomia administrativa e econômica.
O retorno de D. João VI
Pressionado pelas Cortes e por eventos políticos em Portugal, D. João VI decidiu regressar à Europa em abril de 1821. Antes de partir, deixou seu filho D. Pedro de Alcântara como príncipe regente do Brasil, garantindo que a Coroa mantivesse o controle sobre a colônia mais rica do império.
Essa decisão teve consequências profundas: a regência de D. Pedro seria o ponto de partida para o processo de Independência do Brasil, no ano seguinte.
Fontes consultadas:
- Fausto, Boris — História do Brasil. São Paulo: EdUSP, 2019.
- Schwarcz, Lilia M. & Starling, Heloisa — Brasil: Uma Biografia. Companhia das Letras, 2015.
- Artigo enciclopédico: Revolução Liberal do Porto (Wikipédia, acesso em nov. 2025).
- Ferreira, Manoel — Movimentos políticos do início do século XIX. Anais do Museu Histórico Nacional, 2010.
Exercícios
- Quais foram as principais causas da Revolução Liberal do Porto?
- O que as Cortes Constituintes exigiam de D. João VI?
- Como a elite brasileira reagiu às exigências vindas de Portugal?
- Por que D. João VI decidiu deixar D. Pedro como príncipe regente do Brasil?
- De que maneira o movimento de 1820 influenciou a Independência do Brasil?
Leitura recomendada
Para entender melhor o contexto político da Revolução do Porto e sua influência sobre o Brasil, leia “História do Brasil — Boris Fausto”, referência fundamental sobre o período joanino.
