
No ano de 1837, a província da Bahia voltou a ser palco de uma grande revolta popular: a Sabinada. O movimento recebeu esse nome em homenagem ao seu principal líder, o médico e jornalista Francisco Sabino Álvares da Rocha Vieira, conhecido como “Dr. Sabino”.
Os baianos estavam descontentes com o domínio do governo central do Rio de Janeiro, que nomeava governantes sem consulta às províncias. Além disso, a notícia de que os baianos seriam convocados para combater os farroupilhas no Sul aumentou ainda mais a insatisfação. Muitos soldados e oficiais locais simpatizavam com os ideais de autonomia defendidos pelos revoltosos gaúchos.
As causas da revolta
A Sabinada nasceu do nacionalismo regional e da oposição ao autoritarismo do governo regencial. O povo da Bahia se sentia explorado e ignorado pelas elites do Sudeste. Francisco Sabino, através de seu jornal Novo Diário da Bahia, passou a convocar a população para lutar por uma República Baiana, independente até que o jovem D. Pedro de Alcântara atingisse a maioridade e pudesse governar.
A proclamação da República Baiana
Em novembro de 1837, os rebeldes tomaram o Forte de São Pedro, em Salvador, e proclamaram a independência da província, instaurando um governo republicano. Durante alguns meses, a cidade esteve sob controle dos sabinos, que defendiam reformas políticas e maior autonomia provincial.
Entretanto, o governo regencial reagiu rapidamente. Tropas imperiais foram enviadas à Bahia e, com apoio dos senhores de engenho do Recôncavo Baiano, cercaram a capital. Em busca de reforços, os sabinos prometeram liberdade aos escravizados que se unissem à luta — o que assustou a elite local, que passou a apoiar o Império.
A repressão e o fim da revolta
Em março de 1838, as forças imperiais reconquistaram Salvador. Para forçar a rendição dos rebeldes, bairros inteiros foram incendiados. Estima-se que mais de 1.200 pessoas tenham morrido e cerca de 3.000 foram presas.
O movimento foi sufocado com violência. Francisco Sabino e outros líderes sobreviventes foram capturados e expulsos da Bahia. A Sabinada terminou em derrota militar, mas deixou um legado de resistência e de luta pela liberdade política.
“A Sabinada foi um grito de revolta contra o autoritarismo central e uma afirmação do desejo de autonomia do povo baiano.”
— Interpretação histórica moderna
Apesar da derrota, a Sabinada marcou profundamente a história política do Brasil Império. Foi uma das primeiras tentativas de conciliar republicanismo, regionalismo e o ideal de liberdade social em uma única causa popular.
Fontes consultadas:
Exercícios
- Quais foram as principais causas da Sabinada?
- Quem foi Francisco Sabino e qual foi seu papel na revolta?
- Por que os senhores de engenho do Recôncavo Baiano passaram a apoiar o governo regencial?
- O que representava a proclamação da República Baiana para os revoltosos?
- Explique as consequências políticas e sociais da repressão à Sabinada.
Leitura recomendada
Para compreender melhor as revoltas regenciais e a busca por autonomia no Brasil do século XIX, leia “História do Brasil” de Boris Fausto e “O Tempo das Regências” de Sérgio Buarque de Holanda.
